Foi realmente uma lição de vida a experiência pela qual passamos na cidade de Atibaia nos dias 28, 29, 30 e 31 de outubro para onde fomos à convite da organização do IV Encontro do MNCP ( Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas) para apresentarmos as peças, "Auto da camisinha" e "Diário de meninos e sonhos". Chegamos lá como de costume e nos preparamos para realizar o nosso trabalho, que é uma ação transversal de Cultura e Saúde. Falamos em nossas peças sobre AIDS e sobre preconceitos. Antes desse encontro já havíamos nos apresentado para uma platéia formada em grande parte por PVHA's (Pessoas vivendo com HIV/Aids), mas dessa vez, tínhamos à nossa frente um público formado basicamente por mulheres, mães, filhas, todas com seus sonhos, suas vaidades enfim, toda a sensibilidade feminina. Um dos nossos espetáculos conta a história de uma criança, o Daniel, que é portador do vírus HIV e de sua amiguinha, a Letícia, que não tem o HIV, mas tem a curiosidade de saber como vivem as pessoas que o tem, pois este é um assunto que geralmente não é muito abordado por nós. Pois bem, durante a apresentação, muitas mulheres foram se encontrando na história narrada pela peça, e nós atores fomos encontrando nossos personagens sentados bem ali à nossa frente. Foi uma identificação mútua. Imaginem a carga emocional que foi gerada naquele momento. Para mim particularmente que interpreto o Daniel, o garotinho que é portador do virus HIV foi muito difícil segurar a barra quando avistei em meio aos expectadores uma garotinha de 13 anos aos prantos, agarrada à sua mãe, dizendo: "Mãe! Esta é a minha história, mãe!". Resultado, terminamos a apresentação e tivemos uma reação diferente de todas as outras que há havíamos experimentado antes. Pudemos depois conversar com mães que assitiram e relataram suas emoções, dizendo que reviveram momentos de suas vidas. Tentamos "entrevistar" as crianças que assistiram ao espetáculo e estávamos tão frágeis, tão sensibiliados por tudo o que vínhamos vivenciando que por fim acabamos por ser entrevistados pelas crianças. Elas dominaram toda a situação. Foi maravilhoso passarmos essas dias com pessoas tão maravilhosas, com experiências tão marcantes na vida mas com uma alegria de dar inveja à qualquer pessoa. Obrigado à todas vocês, mulheres guerreiras que dão suas vidas para melhorar a vida de outras mulheres.Clayton Campos
Diretor do Ponto de Cultura Escola Livre de Teatro e
Ator que interpretou o Daniel.
Foi realmente forte a nossa reação. Realmente sentimos o qto o teatro é transformador e mexe com o público.
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