VESTIDO DE NOIVA, UM MARCO NO TEATRO BRASILEIRO

Já que vamos dar início aos estudos das obras de Nelson Rodrigues, vou começar a postar aqui no Blog assuntos sobre esse autor, tornado este espaço uma fonte de pesquisa e debate sobre o assunto. No decorrer dos 22 anos da Escola Livre de Teatro já foram foram encenados alguns textos de Nelson Rodrigues e dois merecem destaque, e são eles: "Anjo Negro", com direção de Ediney Gusmão e "Vestido de Noiva" dirigido por Eduardo Bartolomeu, assunto que retomarei em postagens futuras. Nesse momento vamos falar da encenação que marcou o teatro brasileiro:

"VESTIDO DE NOIVA"

Texto: Nelson Rodrigues           Direção: Zbigniew M. Ziembinski

Encenada pela primeira vez em 1943, a peça de Nelson Rodrigues mostra ações simultâneas em três planos -  da realidade, da alucinação e da memória e deu início ao processo de modernização do teatro brasileiro

A peça "Vestido de Noiva", de Nelson Rodrigues, é um marco na dramaturgia nacional. A primeira montagem, em dezembro de 1943, deu início ao processo de modernização do teatro brasileiro.

Essa era a segunda peça escrita por Nelson. O autor trabalhava como jornalista, profissão que herdara do pai, e procurava, naquele período, uma fonte de sustento complementar. Seu primeiro trabalho para os palcos, "A Mulher sem Pecado", tinha como pretensão conseguir o sucesso obtido por muitas outras publicações da época, como "A Família Lero-Lero", comédia de Raymundo Magalhães Júnior. Embora a peça de Nelson fosse uma obra de valor artístico muito superior à de Magalhães Júnior, ao estrear, em 1942, não obteve a simpatia do público e resultou em fracasso de bilheteria.

Um ano depois, "Vestido de Noiva", de estrutura mais complexa, iria revolucionar o teatro brasileiro. A montagem foi realizada sob a direção do polonês Zbigniew Marian Ziembinski, que chegara ao Brasil cerca de dois anos antes. Experiente encenador, Ziembinski deu forma ao texto de Nelson. Seu rigor na encenação, com a exigência de ensaios constantes, levou a concepção brasileira de teatro a novos níveis.

ESTRUTURA

A representação é dividida em três planos: da alucinação, da memória e da realidade. Há também duas escadas laterais. A peça se desenrola em três atos, cuja relação não é exatamente cronológica, a não ser no plano da realidade, o qual acompanha a degradação do estado de saúde de Alaíde e a aniquilação consequente dos outros dois planos.